Carência
Você para e pensa que ontem queria tanto um alguém e hoje já não quer mais, olha para a foto da criatura e se pergunta “Eu estava sob o efeito de drogas quando me humilhei para ficar com isso? ”, seus amigos olham e dizem: foi a carência. Sempre é essa maldita. A carência é um bicho que meche com seu psicológico, afeta sua visão e engana seu coração, não amou a Julieta, mas estava carente então ficou com a Julieta, matou a carência e a Julieta perdeu a graça, não ache se ache um cretino, ou algo do tipo, é culpa da carência e você inocente até que se prove o contrário.
Você não queria ir atrás, queria desapegar, não dizer mais “Oi”, passou a semana toda feliz da vida, mas na sexta-feira, ela chega, a carência vem como um tsunami invadido cada célula do seu corpo, ativando cada parte do seu cérebro e te fazendo lembrar, você pega o celular e decide dar um “Olá” para um alguém que certamente nem se lembra da sua existência, esse alguém demora vinte minutos para responder, e você se acha um otário, porque no fim das contas só está indo falar com ela por causa dessa carência absurda.
A carência te transforma em um mendigo, um pedinte que sai de porta em porta em busca de carinho e atenção, ela te deixa vulnerável, altera sua visão e te faz ver amor onde não existe nada, nadinha, apenas um alguém falando algo que não sente e ela a maldita te faz criar expectativas, a maldita te faz querer que tudo aquilo seja verdade, e o pior, muitas vezes ela te faz acreditar nas mentiras.
Você toma banho, veste seu pijama, se deita na cama e fico tentando entender porque esse coração sente tanta carência, sente essa necessidade de querer estar com alguém, essa vontade de ter alguém para ligar e passar horas conversando sobre o tempo, sobre a mosca que pousou na sopa na hora do jantar, sobre o ônibus que perdeu quando estava indo para a escola, sobre a vida.
A carência é aquela roupa que te cai melhor do que qualquer outra, mas ela não te aquece nos dias frios, nos dias de solidão ela se torna a sua melhor amiga, mas não é capaz de te dar um simples abraço, quase sempre ela traz a maldita solidão junto com ela e as duas fazem festa dentro do seu coração, te sufocam, te prendem e te fazem um mal danado.
Durante o dia você enche a cabeça de livros, filmes, aulas, fotos, tenta se manter ocupado, não quer que reste sequer um minuto para pensar sobre essa carência ou sobre a falta que ter alguém te faz, mas no silêncio da noite ela vem como um chicote atingindo suas costas nuas.
Texto.Yago Alves
Exatamente isso!
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